" Homem de Vidro: Nesses anos todos , o único personagem que ainda não conseguir captar... é a moça do copo de água. Ela está no centro e ,no entanto, está fora.
Amèlie Poulain : Ela parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
HV: Em alguém do quadro?
AP: Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar e sentiu que eram parecidos.
HV: Em outros termos prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
AP: Ao contrário, talvez tente arruma a bagunça da vida dos outros.
HV: E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai por ordem?"
É, eu acho que vou pro céu.
Não que eu não cometa pecados, ou que não minta, ou não faça, de vez em quando, alguém sofrer... Quem dera eu ser isenta de todas essas culpas.
É que de uns tempos pra cá, tenho tomado atitudes bem menos egoístas em relação ao mundo ao meu redor.(Me desculpe professora de psicologia, mas nesse caso usarei o 'tomado atitudes, ao invés do construído atitudes')
Não que seja fácil ver o homem que você amava tanto, estar com aquela garota que você tanto odiava. Ou que você não chegue a ficar triste pelas pessoas não reconhecerem seu esforço ou sua ajudinha indispensável naquele dia. Ou descobrir coisas que você não deveria ter descoberto e ainda assim guardar só pra você, por saber que se disser aquilo aos outros, muita gente sírá machucada.
É difícil, bem mais difícil do que a Pollyana deixa transparecer no seu cotidiano"jogo do contente" ( Se você nunca leu Pollyana, tá na hora de ler).
Acho que a única que deu a noção certa de quanto essa habilidade "altruística" de ver o mundo é dura, foi a Amélie Poulain. (Como assim? Você nunca assistiu "O fabuloso destino de Amèlie Poulain ? tsc)
Me lembro de ter me identificado com ela logo de início, pois a decisão dela de tentar esquecer seus próprios problemas e investir na ideia de tentar fazer os outros felizes me parecia bem.. bom, a minha cara.
Sempre fugi de problemas.Ou deixo eles sem solução, ou inacabadamente solucionados. E já magooei muitia gente por isso (parte das culpas que não posso ser isenta).
Mas peraí né, eu to resolvendo o problemas dos outros poxa, eles ficam felizes depois disso, e eu ftambém fico feliz depois disso. Não fico?
Depende.
Tudo nos filmes e nos livros é maravilhoso, até as tristezas tem começo meio e fim. Quando a Amélie sofria,nos sabíamos que aquele sofrimento ia terminar, porque o filme tinha que acabar bem.
Mas e eu? E as noites que fiquei sem dormir, chorando por ele? E a insensibilidade das pessoas que nunca fiz mal, e continuam me magoando, apesar de um dia eu já ter feito elas sorrirem? E as brigas familiares que poderiam ter um fim , ainda que trágico, se eu revelasse tudo o que agora sei? O que eu faço com tudo isso? hein?
A vontade real era de encontrar aquele anjo da morte do filme Click , que me fizesse passar toda essa parte difícil e ir logo pra parte boa, a parte em que todos estivessem sorrindo, e eu também.(Tá tá, eu sei que o controle ficaria viciado, eu não aprenderia as lições importantes da vida, fica no automático, bla bla bla, mas é só um desejo poxa.)
É nessas horas que eu penso, que ainda que eu tenha que chorar escondido, ou as vezes chorar do nada, no lugar mais improvável possível,ou tenha que amargar por noites a fio, chorando pela mesma pessoa que eu amo mas que acho um grandissíssimo idiota por não sentir nem um pingo de culpa pelo que fez comigo, isso tudo vai passar.
Não em minutos como no filme da Amèlie Poulain, nem no final do livro, como no caso da Pollyana e nem com ajuda de um controle sedido por um anjo da morte, como em Click.
Mas no tempo certo.
É, soa meio utópico e otimista demais, eu sei.
Mas eu quero mesmo acreditar que isso tudo vai passar.
E eu ainda vou sorrir com tudo isso.
(não sei se perceberam, mas até tentei dizer que consigo sorrir ao ver ele com ela, mas a verdade é que, na única vez que tentei sorrir, chorei mais uma noite inteira, então.. preciso de mais um looongo tempo.)
Bom, estar ajudando certas pessoas com pequenas felicidades tem me feito esquecer meus egoísmos e minhas infelicidades, é difícil sim, mas estou adorando tentar.
E no fim, tudo vai dar certo pra mim, ah vai...